sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Clientes. Parte VIII

Local: Gulag
Data: Ontem
Duração da cena: Várias horas de puro espanto, asco e parvoíce.
Personagem principal: trintão com bom aspecto até abrir a boca - um grunho que só visto...
Personagem secundária: Eu, a desgraçada.
Figurantes: Todos os que tiveram a (in)felicidade de estar a 200 metros do acontecimento.

Então foi mais ou menos assim:

Cliente (o grunho, anda à volta de fatos de ski de 800 euros e grita): "Ehpá!!! Isto é bom!" - e olha logo para mim...
Jacaré (dirijo-me ao senhor, ainda que reticente depois do berro): "Do melhor!"
Cliente: "Já tenho mais de uma dúzia de fatos de ski, se apareço com outro em casa a minha Maria ainda me põe na rua! Eheheh!" - e com esta espeta-me uma cotovelada, como se fosse o melhor amigo dele. Mas segue: "Foda-se! Esta merda não é barata!"
Jacaré (engoli em seco com tanta asneirada da boca de um senhor de fato): "Pois, sabe que a qualidade neste género de artigo paga-se cara! Mas está com 30% de desconto, não é mau..."
Cliente: "Ehpá!!! Este casaco é lindo, não é?"
Jacaré (ehpá????? e não. É horrível.): "É sim! E veste muito bem! Já para não falar em todos os pormenores técnicos que o tornam um dos melhores casacos que encontra no mercado!"
Cliente: "Ai é? Então vou ali experimentar. Venha lá comigo e fale-me desses pormenores todos!"
Jacaré (Umpf... Foda-se...): "Sim, claro! E que tamanho costuma vestir?" - digo enquanto pego num L a pensar que talvez fosse melhor XL.
Cliente: "Para aí um M." - sim sim... Claro.
Jacaré: "Pois deve ser. Mas olhe que a Dainese tem os formatos pequenos... Mas deve ser." - Largo o L e pego num M.
Cliente: "Traga também as calças! Que se lixe!" - Pelo menos não disse que se foda...

E lá fui com o senhor até ao provador. Pousei a roupa e preparei-me para sair. Mas ele... "Ah não se vá embora, fique aqui à porta que quero a sua opinião. Vá falando do casaco."
E foi assim que fiquei 15 minutos a falar de materiais e costuras seladas, níveis de impermiabilidade e estruturas ergonómicas para uma porta de um provador, que me respondia coisas como "Ehpá, que maravilha!" e "Esta merda é mesmo boa!"

Cliente (sai do provador com os tamanhos M vestidos: não se mexia e eu começava a temer pela roupa a cada movimento que ele fazia): "Então? O que lhe parece?"
Jacaré (prontinha para um ataque de riso): "Parece-me muito bem, mas é tudo uma questão de conforto. Sente os movimentos presos? Parece-me que aí nos ombros está um pouquinho justo." - e como ombros entenda-se a zona do corpo que compreende o espaço entre os tornozelos e o pescoço.
Cliente: "Mas veste bem! É elegante!"
Jacaré: "Mas como é para esquiar... A questão do movimento..."
Cliente (espeta o rabo na minha tromba e diz...): "Uhm... Será que está justo? Veja lá! Tenho as calças na gaveta?"
Jacaré (TENHO AS CALÇAS NA GAVETA???): "Talvez seja melhor experimentar o tamanho acima, só para tirar a dúvida do conforto..."
Cliente: "Ok! Vá lá buscar."
Jacaré (SFF????): "Concerteza, é só um momentinho.".

........ Blá blá, trocou para o L.

Cliente: "Ehpá não sei... Este parece-me grande."
Jacaré: "Olhe que me parece muito bem! Parece que foi feito à sua medida!" TOMA!!
Cliente: "Uhm... Vou experimentar outra vez as calças M. O casaco L está melhor mas as calças..."
Jacaré: "Pois, para comparar DE NOVO."

..... Blá blá, troca para o M.

Cliente (a mexer as pernas e os braços como se estivesse a ser vítima de um ataque epilético): "Ehpá, não sei mesmo. Estas parece que me ficam melhor assim, mas apertam-me um bocado a fruta!" - e desata a mexer nas partes baixas a tentar compor aquilo dentro do que pareciam ser umas calças de licra, de tão apertadas que estavam... - "Não sei. Vou levar o casaco, mas as calças ainda não. Vou ali à sportzone ver o que é que ele lá têm."

Acenei só para o ver ir embora, uma vez que a sportzone não tem nada. Só queria que ele se fosse embora para eu poder rebolar a rir. A FRUTA??? E lá comprou o casaco, e lá foi, dizendo até logo.

Passadas 2 horas...

Cliente (ouço lá do fundo): "Não, não obrigadinho! Estava a ser atendido pela sua colega. Onde é que ela está?"
Jacaré: "Então voltou?... A sportzone.. Nada?"

E seguiu-se mais uma hora de experimenta M, tira e veste L. Volta a vestir M e depois L. Enfim... Depois lá se mancou e levou o L. Não sei bem como, mas acho que foi de não conseguir ajustar e acomodar lá bem a FRUTA, como fez questão de frisar vezes sem conta.
Por fim deu-me um aperto de mão, uma piscadela de olho, mais uma cotovelada amigável e lá foi, à sua vidinha de grunho, deixando para trás um jacaré transtornado de tanto rir e meio claustrofóbico, de ter passado cerca de 3 horas fechada nos provadores a olhar para uma porta e ocasionalmente para o rabo e a fruta do senhor.

Será que vale o dinheiro que me pagam?

8 comentários:

T disse...

perdi-me de riso!!

ah encontrei o vizinho da vivenda ao lado da dos teus pais, mandou-te cumprimentos :)

jacaré disse...

E não encontraste os meus pais?? Estranho.

jacaré disse...

aliás... tiveste de ir a Rio Maior? Coitado.. odeio quando isso me acontece.

Robene disse...

Ia morrendo a rir!!!!

jacaré disse...

e eu a chorar. puta de vida a minha...

Anónimo disse...

Sao frutouosos encontros com a fruta da época que fazem com que desfrutes ainda mais o gulag, certo? q;o)

Angelik disse...

Afinal trabalhar lá no Gulag até pode ser bem divertido, com grunhos desses!

Fartei-me de rir com a fruta!

Anónimo disse...

"Será que vale o dinheiro que me pagam?"

Bom, depende, a quanto estava o Kg da fruta! Estava madura, ou demasiado verde?