sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Coisas do Gulag

Chefinho: "Então, hoje tenho um trabalhinho para si!"
Eu: "Hmmm... Trabalhinhos..."
Chefinho: "Venha comigo."
E lá fui, em direcção ao cofre da caça, seguindo o chefinho e pensando numa estratégia para me livrar de trabalhar.
Chefinho (perante um monte enorme de botas de caça): "Então é o seguinte..."
Eu (interrompendo com uma trombinha sarcástica): "Sim, porque eu sou a responsável pela oficina de ski, que está intimamente ligada às botas de caça!"
Chefinho: "Ah pois! É a responsável pela oficina! Ainda bem que me lembrou! Vamos até lá!"

Convém nesta altura fazer um aparte: a oficina de ski, da minha "responsabilidade", é a zona mais caótica que existe, cheia de peças, pecinhas, ferramentas estranhas, catálogos da altura da 2ª Guerra Mundial, e onde toda a gente esconde todas as merdas que não têm absolutamente utilidade nenhuma, mas que não se devem mandar fora porque... porque não. Aquilo é um ninho de tesourinhos deprimentes e embróglios que só visto.

E lá fomos nós pela loja. Chegados à oficina...

Chefinho: "É suposto tirar tudo das prateleiras até sábado, aquando da continuação das obras. Como é da sua responsabilidade.. Força!" - remata com sarcasmo de volta.
Eu: Suspiro e aceno com uma cara querida e simpática, mas triste, a ver se me safava. Geralmente resulta. Desta vez não obtive sucesso.

As duas horas que se seguíram foram um chorrilho de alancamento. Jacaré, fardadinha e maquilhada andou com caixas às costas, a subir e a descer escadotes, a examinar coisas estranhas e a tentar encontrar uma lógica de arrumação para aquela porra: fixações, óculos, skis, pranchas de snowboard, parafusos, botas de ski para reparação... enfim. O caos. O chefinho entrou na oficina passadas 2 horas de estafa, com um ar simpático e feliz (mas sempre sarcástico!): "Ah! Estou a começar a notar a diferença! Muito bem! Agora vou-me embora. Bom resto de trabalho!"

Podia ter arrumado as caixas das botas. Coisa para fazer em 10 minutos. Se não me armasse em espertinha. Nunca mais questiono o chefinho. Está mais que visto que resulta em trabalho árduo. Ele sabe que se há coisa que eu detesto é trabalhar. É assim que se aprende a nunca desafiar a autoridade.

Estou oficialmente chateada com o chefinho até ao fim desta semana.

2 comentários:

Angelik disse...

Os chefinhos são todos iguais!
Só mudam de aspecto!

jacaré disse...

mas eu gosto muito do meu! é um gajo porreiro. Mas tem dias que se vê obrigado a mandar-me trabalhar...