segunda-feira, 2 de abril de 2012

Só mais um esforço. Mais um bocadinho. Oh M*RDA!

Linha de pensamento:
Tenho o carro na reserva. Vou pôr gasóleo. Eishhh! Tanta gente! Detesto domingos. Também detesto ter o carro na reserva, mas também é só ir até ali, depois quando voltar passo aqui na Repsol outra vez, que deve haver menos gente. Também posso pôr ali na Galp, mas assim não tenho desconto. Ná.. Vou boicotar a Galp e a BP. Chulos. Quando voltar trato disso.
Ao voltar:
Que barulho estranho. Estarei a ficar sem gasóleo? Mas ainda tenho! Está a meio da reserva! Ah já parou.
1 km depois:
- BRRRRRRR, PUF PUF! - outra vez? Ai o caraças! O carro está estranho. Ai, foi abaixo. Encosto aqui - a 10 metros da Galp. Ainda por cima está a chover. Desligo. Volto a ligar. Não liga. Caraças. 4 piscas e saio do carro. Preparo-me para ligar a pedir auxílio e pára um carro atrás do meu. Sai um senhor de braços no ar:
- Menina, precisa de ajuda? Não tenha medo que não lhe faço mal!
-Olhe, o meu carro foi abaixo e agora não consigo ligá-lo.
- Quer que eu tente? - diz o senhor. Eu hesito. Um estranho no meu carro? Não me parece.
- Errr.. Deixe estar. Eu ligo à assistência em viagem. Ainda tenho gasóleo portanto deve ser avaria. - digo.
O senhor passa-me as chaves do carro dele para a mão. Olho para o carro. Audi xpto.
- Vá, já percebi. Não se preocupe que não estou aqui com má fé. Só quero ajudar. - e estica a mão. Dou-lhe as chaves. Ele tenta ligar e não consegue. - Ficou sem combustível menina. Mas o manómetro deve estar avariado. Eu vou ali num instantinho às bombas. Tem aí um jerrican*? 
- Não. Só garrafas de água vazias.
- Deixe, eu tenho aqui e vou lá.
- Eu vou! Não tenho dinheiro comigo, tenho de pagar com cartão!
- Deixe-se ficar que está a chover. Depois vamos lá os 2 quando o carro andar e já me paga.

E assim foi: o senhor da camisa às riscas verdes e do casaco de malha castanho com o audi xpto pegou no seu jerrican, foi às bombas buscar-me gasóleo, pôs o gasóleo no tanque e o carro a trabalhar. E fomos os dois às bombas, onde lhe paguei o gasóleo e um café (que ele queria pagar mas eu não deixei!). E despediu-se de mim, após os meus maiores e mais sinceros agradecimentos, dizendo:
- Sabe, tenho uma filha da sua idade e gostaria de saber que quando lhe acontecem coisas destas qualquer pessoa faria o que eu fiz, que ao fim ao cabo não é nada de especial, e que vivemos num mundo que não está cheio de borra-botas** egoístas que nem 5 minutos do seu precioso tempo podem perder. Vá menina, agora vá com cuidado e não deixe o carro chegar à reserva. E vá ver do manómetro que não anda bem. - aperto de mão e adeus.

E foi assim que hoje conheci uma boa pessoa sem sequer saber o seu nome. 

*palavra que me dá sempre vontade de rir. E claro, desta vez não foi excepção. 

**expressão exacta utilizada pelo senhor que eu muito aprecio.  


Sem comentários: